TRADUÇÃO VOLUME 5 NÚMERO 2
1.
Il poeta medita sulla precarietà di tutte le cose materiali e immateriali che occupano il suo spazio esterno ed interno.
che resta infine poi di quello che noi siamo noi facciamo di quello che pensiamo nel silenzio di quello che talvolta diciamo. immagini trascorse tralasciate fotografie sbagliate carte segrete oggetti conservati reietti nel fondo dei cassetti.
nella memoria altrui poche parole approssimate scompagnate sole
2.
Il poeta immagina che qualcosa possa restare di quello che ha detto e scritto nella sua vita.
qualche parola sola se talvolta trovi la chiave giusta quella che per caso apre la porta dei pensieri altrui dei desideri che ogni giorno comporta. una parola sola solo una quella che ci accomuna nel diverso sentire nell’uguale patire l’àlea della fortuna. quella rimane quella resta incisa nella mente divisa
4.
Il poeta osserva il suo appartamento e medita sulle diverse accezioni della parola “vano/vani” intesa come aggettivo e come sostantivo.
uno spazio vitale un luogo: ambienti adibiti ai bisogni elementari: mangiare riposare defecare. poco di più nel vano percorso quotidiano.
si dice casa: quattro cinque vani pieni di cose: oggetti atti a sanare il vuoto materiale mentale per uso funzionale.
riempire il vacuo. accumulare invano l’eccesso innaturale
8.
Il poeta, di notte, accende la luce sulla terrazza della casa in montagna e osserva il colore della Parthenocissus quinquefolia. Poi, sentendo il verso dei cervi in amore, medita sulla ciclicità della natura.
di nuovo rosse quest’anno le foglie
della vite. silenzio ascolto attesa.
ecco: una voce roca si dispiega.
anche quest’ anno il bramito dei cervi
risuona intorno. ancora.
io sono qui. rivedo
le stesse cose. ascolto
le stesse voci. e intanto
un anno è andato. e ancora
sono e rimango. ancora.
a valle sento il fiume come un suono indistinto lontano
10.
Il poeta, osservando autori e titoli su una bancarella di libri usati, pensa che appartenessero alla biblioteca di un suo coetaneo venduta dagli eredi.
quali parole quali
pensieri stimolati nella sua mente ignota a me também compagno nei testi nell’età nelle pulsioni. riconosco percorsi relazioni scelte avvedute mie predilezioni. restano i libri sparsi resi merce dispersi per altra fruizione. sarà forse la sorte mia dei miei libri dopo la mia morte
Do livro Intuizioni, Eureka Edizioni, 2018
1.
O poeta medita sobre a precariedade de toda coisa material e imaterial que ocupa seu espaço externo e interno.
que resta enfim pois daquilo que
nós somos nós fizemos
daquilo que pensamos
no silêncio daquilo
que tal vez dissemos? imagens passadas perdidas
fotografias esvanecidas
cartas secretas objetos
se conservam se rejeitam
no fundo das gavetas.
na memória alheia poucas palavrinhas
aproximadas apartadas sozinhas
2.
O poeta imagina que algo possa restar daquilo que tem dito e escrito em sua vida.
uma palavrinha só se quem sabe
ache a chave certa a quela que
por acaso abra a porta do pensamento
alheio dos desejos
que em todo dia cabe.
uma palavra só só uma aquela que se una
no diverso sentimento
em igual sofrimento
à roda da fortuna.
a que perdure a que fique fixa
na mente divisa
4.
O poeta observa seu apartamento e medita sobre as diversas acepções da palavra “vão/vãos” seja como adjetivo ou como substantivo.
um espaço vital um lugar: ambientes
usados pra necessidade elementar
alimentar repousar defecar. pouco mais no vão
percurso cotidiano.
se diz casa: quatro cinco vãos
cheios de coisas: objetos
aptos a sanar o vazio
material mental
pelo uso funcional.
preencher o vácuo. acumular em vão
o excesso anormal
8.
O poeta, de noite, acende a luz do terraço da casa na montanha e observa a cor da Parthenocissus quinquefolia. Então, ouvindo o som dos cervos apaixonados, medita sobre a ciclicidade da natureza.
de novo vermelhas este ano as folhas
da videira. silêncio escuta espera.
eis: uma voz rouca se desdobra.
também este ano o bramido dos cervos
ressoa no entorno. ainda.
eu estou aqui. revendo
as mesmas coisas. escuto
as mesmas vozes. e entanto
um ano passou. e ainda
estou e permaneço. ainda.
pelo vale ouço o rio indistinto
som longínquo
10.
O poeta, observando autores e títulos sobre uma banquinha de livros usados, pensa que pertenceram à biblioteca de um colega seu vendida pelos herdeiros.
quais palavras quais
pensamentos estimulados
na sua mente ignota
para mim igual companheiro
nos textos na idade nas pulsões. reconheço percursos relações
escolhas prudentes minhas predileções.
restam os livros esparsos
devoluções dispersas
para outras fruições. será talvez a sorte
minha dos meus livros após minha morte
Traduções: Lucas Zaparolli
Gian Paolo Roffi nasceu em 1943, em Bolonha, onde vive e trabalha. Provém, por estudos e atividades, da área literária, à qual continua a fazer referência. Escreveu textos para espetáculos musicais (Con gli occhi di Simone, 1978; Ricordando Milly, 1981). No início dos anos 80 entrou em contato com a área da “Poesia Totale”, colaborando intensamente com Adriano Spatola até sua morte. Publicou as seleções de poesias Reattivi (1984), Madrigali (1986), Perverba (1988), Contesti (1997), Intuizioni (2018). Foi editor das revistas “Tam Tam”, “Baobab”, “Dopodomani”. Fez parte do grupo de poesia sonora “Baobab”, do grupo de intervenção artística “I Metanetworker in Spirit” e do “Jazz Poetry Quartet”. Ativo no campo da poesia sonora, participou de inúmeras mostras e está presente em antologias-cassete, LP e CD na Itália e no exterior. Em 2009, recolheu sua produção sonora no álbum de 2 CD VOX. Como poeta visual, realizou a série de telas L’immagine del respiro (1986-87) e as subsequentes Schizografie (1988-89 e além); em 1991, publicou Voli, texto verbo-visual; em 1997, Segni & Segni, poema visual; em 2000, Letterale; em 2008, Della Luna; em 2011, Syncrasies; em 2013, Sintassi dei frammenti; em 2016, Recovered Words. A colagem, o livro-objeto, a montagem são as formas predominantes de seu trabalho artístico, sempre ligadas ao fenômeno da linguagem e da visualização da escrita. Em 2016, Pasquale Fameli dedicou-lhe a monografia Gian Paolo Roffi. La quadratura del cerchio (Campanotto Editore).
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