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Foto do escritorREVISTA ZUNÁI

Eider Madeiros

Atualizado: 30 de dez. de 2020

POESIA VOLUME 5 NÚMERO 2



ENGRAÇADINHO



quem vê esse pastichar risível

mal sabe dos fados que arrulho

que piam cansados do possível

em costelas de estaladiço barulho


quem as perscrutar ouve pedregulhos

escuta ecos retinindo o impossível

tal bocarra maior que um orgulho

que ralha e se acha compreensível


quem lê essas linhas acha crível

se animar com grandes versalhadas

mas se vem notar o gigante desnível

para de apreciar seresma palhaçada


quem vê esse poemeto já falhado

sabe que fingir anda mais aprazível

são os reflexos de um sorriso talhado

nova desventura do [reb]oco admissível




HIDROFILIA



Faz de minha boca, copo

Cópula de meu corpo, bica

Chove em mim sua preciosa água

(prata)

Rega em porra o que de mim derrama

(pica)





É PROIBIDO PROIBIR


A

Caetano de Dona Canô &

Jacques de Dona Émilie Baudry



Come, jouissance!

Da tua foda, bem ma dá

Que gozo, e que gozo

Findo pouco me fodendo

Se fundo, se cuspo, se metendo

Se como quero, gozo, quero gozo

I’m coming, jouissance!

Nada de poda, de empatar foda

Cingir meus falos, nem castificar

Meus furos (mundos imundos)

Raízes, seivas e fundos

De toda foda, só ela sobra

Só ela dá




XOXOTAS E PATÊS



Tombando palavras ao vinho

Confissões das mais diversas

As expressões tintilam em talheres e copos

E o saborear salgado de patês

Artificiais frutos do mar

Traz à mesa o gosto pela cunilíngua


Longa escrita de surpresas

Fatiando o que não se esperava

Bradando os prazeres da xota

A espalhar olhares esquadrinhados

Desde o jugo do entendimento

Que não importa gênero ou condição


Patês e xoxotas de bandeja

Se abocanham na certeza

De que lambuzar é a ordem

E tomar gosto é o perigo

(A certas línguas tolas, coitadas risadas...)




Eider Madeiros é potiguar de Mossoró (RN) e cria adotada pela Mãe Parahyba há quase uma década. Estuda Literatura contemporânea no doutorado em Letras da Universidade Federal da Paraíba (PPGL, UFPB). Publicou “Amor pluriúsculo no tribunal ôntico” (2018) na revista acadêmico-literária Intransitiva (Rio de Janeiro: UFRJ) e está prestes a publicar seu primeiro livro de poemas, Trinta e três (João Pessoa; Salvador: Escaleras, 2020, no prelo). Os poemas aqui apresentados integram esta obra de estreia.

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