top of page

Domenico Brancale por Claudio Daniel e Scheila Sodré

Foto do escritor: REVISTA ZUNÁIREVISTA ZUNÁI

TRADUÇÃO VOLUME 5 NÚMERO 2



Estranei. I giorni non tornano.

Per diverse ragioni viviamo dietro le palpebre di una persona. Fuori resiste. Ostinato. Fuori limita. Dietro viviamo.

Luce. Dentro. Irrompe fin dove ha ragione il buio. «Poiché è incandescente. Poiché nessuno le resisterebbe». Fuori è un perimetro svanito. I corpi vagano. La mano in agguato.


Estranhos. Os dias não voltam.

Por várias razões vivemos

atrás das pálpebras de alguém.

O exterior resiste. Obstinado. Fora dos limites.

Atrás vivemos.

Luz. Dentro.

Irrompe até onde a razão encontra o escuro.

"Pois é incandescente. Pois ninguém lhe resistiria".

No exterior há um perímetro desaparecido

Corpos vagam. A mão à espreita.


***



Ma c’è nel sangue un sangue che defluisce leggero verso la dimora del bene. Un uomo nell’uomo oltre la bestia. Oltre la clausura.

Dev’esserci una mano nella mano senza più colpa. Indifesa. Fuori dalla stretta. Sul volto appena nato nello specchio della tua luce. Sì. Per le stesse ragioni. Ora è qui. Poiché si rivolta. Si affida.


Mas há sangue no sangue que flui levemente

para a morada do bem. Um homem dentro

de um homem para além da besta.

Além da clausura.

Deve haver uma mão nas mãos sem culpa.

Indefesa. Fora do alcance.

No rosto recém-nascido no espelho de sua luz.

Sim. Pelas mesmas razões. Agora está aqui.

Porque se revolta. Confia.


***



Dove siamo stati corpi distesi è pietà delle ore. Il dolore rimane in superficie.

Una frase si sottrae. La parola si rimargina. Il silenzio smette di toccarci.

Qualcuno lava il viso del tuo avvenire

Uno che ha mani per vederti. Uno che condivide nebbia e trasparenza.


Onde jazem os corpos estirados a mercê das horas

A dor permanece na superfície.

Uma frase se subtrai. A palavra cicatriza.

O silencio deixa de nos tocar.

Alguém lava a fronte do seu futuro

Aquele que tem mãos para ver.

Aquele que partilha névoa e clareza.


***



È fra noi due la tregua. Il breve istante. Fra noi colui che colma l’abisso e lo nega.


A trégua está entre nós. O breve momento. Entre nós

aquele que atravessa o abismo e o nega.


***



così anche tu alla fine hai preso corpo nella morte prima che il sipario si levasse e la parola allargando la bocca sconfinasse nell’aria in quello spazio di contesa tra i vivi e i vivi


Enfim você também, no limite

sustenta seu corpo morto

antes de a cortina subir

e a palavra alargando a boca

invadindo o ar

naquele espaço de contenção

entre os vivos e os vivos


***



nessuna corsia porta lontano da te nessuna preghiera sradica dalla terra se non quella infermiera che medica il tempo le mani in cui non potrà accadere la morte e dove tutto è già una volta avvenuto


nenhum caminho me leva pra longe de ti

nenhuma prece se arranca da terra

senão aquela benzedeira que cura o tempo

as mãos às quais a morte não toca

e onde tudo já aconteceu uma vez


***



guariremo dalla salute ci ammaleremo per vivere ancora sarà un giorno come un altro un giorno di malattia vitale


vamos nos recuperar da saúde

vamos ficar doentes para reviver

será um dia como qualquer outro

um dia de doença vital


***



Un giorno rimoriremo, uno contro l’altro rinchiusi nella perfezione dell’istante. Risarciremo il tempo della nostra presenza. Sarà come per chi ritorna nel luogo dove non è stato. Saremo forse più vivi che umani.


Um dia mais vamos morrer, um sobre o outro.

fechados na perfeição do momento.

Ressarciremos o tempo da nossa presença.

Será como regressar ao lugar onde não estivemos.

Talvez sejamos mais vivos do que humanos.



Traduções: Scheila Sodré e Claudio Daniel


Domenico Brancale, poeta e performer italiano, nascido na Lucânia, em 1976. Publicou: L’ossario del sole (Passigli, 2007), Controre (Effigie, 2013), Incerti umani (Passigli, 2013), Per diverse ragioni (Passigli, 2017) e Scannaciucce (Mesogea, 2019), que reúne todos os seus textos em dialeto. Editou o livro Cristina Campo In immagini e parole e traduziu Cioran, John Giorno, Michaux, Claude Royet-Journoud. Em 2017 apareceu seu primeiro conto de fadas, Le due bambine, com ilustrações de Virginia Mori, publicado pela Modo Infoshop. É curador da série de poesia estrangeira Le Meteore para a Ibis e Prova d’Artista para a Galerie Bordas. Vive em Bolonha e Veneza.

Comments


bottom of page