TRADUÇÃO VOLUME 5 NÚMERO 2
CROCE E DELIZIA
Perché sia tutta tutta bella devo
metterti in musica con le parole.
CRUZ E DELÍCIA
Para que sejas toda toda linda devo
pôr-te em música com as palavras.
CINQUE METAFORINI
La cresta spumeggiante delle onde
è «neve sulle onde».
La galleria che si attraversa in auto
«è la balena di Pinocchio».
Le luci d’acqua che si specchiano in un vetro
«sono le stelle che ballano».
La costruzione di metallo alta e bianca
«è una fontana».
Le mie pupille sono
«nèi negli occhi».
CINCO PEQUENAS METÁFORAS
A crista espumante das ondas
É “neve sobre as ondas”.
A galeria que se atravessa de carro
“é a baleia de Pinóquio”.
As luzes d’água que se espelham num vidro
“são as estrelas que dançam”.
A construção metálica alta e branca
“é um chafariz”.
Minhas pupilas são
“pintas nos olhos”.
VOLANTINA
Distribuisce volantini e troppi
l’ascella ancora ne trattiene
nella proterva sgambettata sotto i portici.
Così, dissimulando impegni,
va ricalcando, stonatella, in cuffia
alcune note commerciali al cuore – muffa
di rime (ancora oggi): fiore-amore.
FOLHETISTA
Vai entregando folhetos e demasiados
ainda segura no sovaco
na teimosa andança nas portadas.
Assim, disfarçando compromissos,
vai recalcando, meio desafinada, nos
fones algumas notas do comércio, no coração
mofos de rimas (ainda hoje) flor-amor.
PRENDERE GRANCHI
Prendiamo granchi questa sera.
Con il retino, l’acqua chiara e tutto il resto.
Avrò un bel dirti che ad altro rimonta
ciò che facciamo e, forse,
farai per molte lune... Intanto
non per te declinante il sole rade
molli corazze e dolci ti abradono
scaglie di luce. E questo, a ora, è quanto.
PESCAR SIRIS
Vamos pescar siris de tardezinha.
Com a redinha, a água clara e todo o resto.
Nem adianta dizer-te que o que fazemos
vem de outra coisa que porventura
farás por muitas luas...No entanto
o sol que não por ti se põe roça
couraças moles e docemente te abrasam
escamas de luz. É isso, por enquanto.
CAROSELLO DI HORN
L’Olanda è un paese orizzontale.
Ci vedi i polder, la gran diga (un digradare
di ammattonati grigi fino al pettine
che catramoso inforca il mare), il cielo
di piombo chiaro e spazio spazio spazio –
spazio senza mai una magra.
L’Olanda ha un cuore di canali, acqua
color petrolio, refoli di vento
aizzati dalle bici e, fra le tante,
una natura morta con il morso.
L’Olanda è il fiore della disciplina
dentro i giardini, micromondi vegetali.
Ma più di tutto è Horn, il luna park,
seicentocinquant’anni, storia.
Ma più di tutto – intorno l’aria blesa
dei genitori – è tu che giri su una giostra,
che smotta l’aria, frulla arie:
ridotto a un bubbolio di suoni,
perfino un rastremato Amami Alfredo alza,
portandoli alla gola, sentimenti e strazio.
CARROSSEL DE HORN
A Holanda é um país horizontal.
Lá vês o polder, o grande dique (degradação
de atijolados cinza até a pentada
que alcatramosa enforca o mar), o céu
de chumbo claro e espaço espaço espaço –
espaço sem nenhuma seca.
A Holanda tem coração de canais, água
cor de petróleo, sopros de ventania
atiçados por bikes e, entre as tantas,
a natureza morta com mordida.
A Holanda é a disciplina florida
nos jardins, micromundos vegetais.
Mais do que tudo é o parque Horn,
seis séculos e meio de história.
Mais do que tudo – no ar ciciante
dos pais por toda parte – és tu que dás voltas
num carrossel que aos poucos no ar desliza, gira ares:
reduzido que está a um rumorejar de sons,
e mesmo um Ama-me Alfredo que subindo se reduz,
alça até a garganta sentimentos e agonia.
LA DANSEUSE
Sono al concerto dei tuoi minimi passetti.
Un trepestio di suoni schiaccia
gli scricchi del parquet e un cantautore
omette i congiuntivi, sfoggia
accordi e disaccordi. Questa musica,
scollata dal tuo matto zampettio,
è come canzonasse il gongolare
delle tue braccia. A me
sembra che basti la tua grazia rosazzurra
per battere riproduttore qualsivoglia
e le sue note in corsa martellante…
Ma qui non conto e zitto ascolto chi ti chiede
l’intelligenza delle gambe.
LA DANSEUSE
Estou no concerto de teus mínimos passinhos.
Uma birra de sons esmaga
os estalos do parque e um cantautor
omite os subjuntivos, ostentando
acordes e desacordes. Esta música,
que de teu patear se desgarra
é como se zombasse do rebolar
de teus braços. A mim
parece que baste tua graça rosa-azul
para ganhar de qualquer reprodutor
e de suas notas martelando a corrida...
Mas nada conto aqui e ouço calado quem pede a ti
a inteligência de tuas pernas.
Traduções: Aurora Bernardini
Alessandro Niero, nascido em San Bonifacio, Verona,em 1968, leciona literatura russa na Universidade de Bolonha. Começou a publicar seus poemas com a plaquette Tendente a 1 (Verona, Colpo di Fulmine, 1996; apresentação de Milo De Angelis),ela constou,depois, junto com outros poemas, do volume Il cuoio della voce (Roma, Voland, 2004). Seguiu-se uma coletânea de poemas “entre o futebol e a autobiografia”, A.B.C. Chievo (Firenze, Passigli, 2013; apresentação de Massimo Raffaeli). A antologia Poesie e traduzioni del signor Czarny (Brescia, L’Obliquo, 2013) e o volume Versioni di me medesimo (Massa, Transeuropa, 2014; posfácio de Andrea Afribo), vieram em seguida. Outros poemas dele encontram-se em «Galleria» (1994), «Tratti» (2002), «In Forma di Parole» (2008), «Poesia» (2012), etc. Entre os livros por ele escritos sobre a arte poética salientam-se: Una “incógnita” di Zamjatin - problemi di traduzione (Schena, Fasano, 2001; L’arte del possibile: Iosif Brodskij poeta-traduttore diQuasimodo,Bassani,Govoni, Fortini, De Libero, Saba (Cafoscarina, Venezia, 2008);Residenza fittizia( Marcos y Marcos, Milano,2019).Pelos seus poemas, pelas suas traduções e trabalhos sobre poetas russos recebeu vários prêmios nacionais e internacionais.
Comments