Série de pequenas telas “Altas Montanhas“,
de Jeannetti Priolli
existe uma determinada maneira
ver a montanha
de abrir a porta
às cinco da manhã
para escalar
a montanha
um filósofo do século 19
barbudo como
todos dos filósofos
do século 19
não sentenciou
que existia
uma determinada maneira
de ver a montanha
é certo que faria isto
se não estivesse
ocupado
com a maçaneta
que ele girava
às cinco da manhã
para escalar
a montanha
montanhas já eram comuns
há 200 anos como máscaras
cirúrgicas e o vento
quando o sol toca o seu rosto
você pensa pensa que poderia ser Marte tocando seu rosto
imagine
livre
em paz
para tocar
faria
ótimo trabalho
tocar seu rosto
é tudo que importa
mas não é Marte
no meio do nada
tocando seu rosto
você não sabe o que aconteceu
como chegou aqui
quem pedia calma ao final
da linha?
ninguém vai acreditar no que você viu lá embaixo
o que são quinze toneladas
de feno
em comparação
ao que você viu lá embaixo?
seu filho está nascendo
o nome dele é Marte
você precisa descansar
sob o sol
você descansará
quantas vezes quiser
sob o sol
mas antes você
vai contar até três
Esse som parece uma pele no escuro
Esse som parece um par de orelhas grande
Esse som parece dois olhos grandes que enxergam bem no escuro
Esse som parece uma asa delta
Esse som parece uma cachoeira voando
Esse parece com uma cidade enorme
Esse som parece um animal
Que não sabe nadar
reservo na mochila um espaço
para o violino
mesmo sabendo que ele
é avesso a mochilas
uma vento frio avançará pelo
norte
há risco de inundações
salvarei a mochila
o mapa amarelo
o violino
alguns instrumentos viajam em estojos
são os mais importantes
entro no barco, um velho me cumprimenta
faltam menos que 45 horas
para eu salvar o violino
preciso superar o principal obstáculo: o rio, território que o violino conhece bem
já tomei a decisão
mãos seguras
o violino as possui
será algo histórico para minha carreira
será só mais um dia para o violino
ele não gostava de ser pequeno
ele cresceu
ficou do tamanho de uma fábrica
de um transatlântico
ele cresceu
e isso terminar aqui
não caminharei 50 quilômetros
você acha que devo caminhar 50 quilômetros
já deixou bem claro que me apoiaria
sob o dorso de um cavalo caminhar 50 quilômetros seria como dizer oi para uma amigo
se não houvesse tanta tralha
poderia passar os dois últimos meses do ano caminhando
não estou preocupado com os dispêndios de uma aventura, maratona, como queira
seria sutil durante o aventura, digo, maratona
mas não quero caminhar 50 quilômetros
depois de 60 dias minha barba seria linda e difícil
mesmo pela janela de vidro é possível dizer: não caminharei 50 quilômetros
Confie no sofá; ele nos levará à sala perfeita.
imagine que você comprou um disco voador
aí você descobre que o vendedor sumiu com o disco voador
encheu o disco voador de estranhos
o problema é seu
o disco voador também
você bebe água com frequência
você procura o serviço de pronto-atendimento
você tem tudo que sempre quis
mas o disco voador não chega
o problema seria do apresentador de Tv se você ligasse para apresentador do TV
você pensa pelo lado bom: poderia ser uma Mercedes
quem não gosta de seu disco voador?
quem não chamaria seu disco voador de Bob?
o disco voador seria a diversão da casa
você liga para o apresentador de Tv
o apresentador de Tv diz para o dono da loja que você exige a devolução do veículo
diz que não quer tomar providências na esfera jurídica
o dono da loja não fecha um acordo
o tempo passa
o mês nove passa
você abre um livro: “Afirmação falsa, prejuízo alheio”.
você fecha o livro
loja bizarra
você volta pra casa
o melhor é procurar uma soverteria, você conclui
você tomará sorvete
porque é seu direito
mas o que você quer mesmo é o disco voador porque o disco voador é seu
Josinei de Souza Arevalo é poeta, nascido no Tonantins (AM), em 1982.
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