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Foto do escritorREVISTA ZUNÁI

8 POEMAS DE JOSINEI DE SOUZA AREVALO


Série de pequenas telas “Altas Montanhas“,

de Jeannetti Priolli




existe uma determinada maneira

ver a montanha 

de abrir a porta 

às cinco da manhã 

para escalar 

a montanha

um filósofo do século 19

barbudo como 

todos dos filósofos 

do século 19

não sentenciou 

que existia 

uma determinada maneira

de ver a montanha

é certo que faria isto

se não estivesse

ocupado

com a maçaneta

que ele girava

às cinco da manhã

para escalar 

a montanha 

montanhas já eram comuns

há 200 anos como máscaras 

cirúrgicas e o vento

 

 

 

 

 

quando o sol toca o seu rosto 

você pensa pensa que poderia ser Marte tocando seu rosto

imagine

livre

em paz

para tocar

faria

ótimo trabalho 

tocar seu rosto 

é tudo que importa 

mas não é Marte 

no meio do nada

tocando seu rosto 

você não sabe o que aconteceu 

como chegou aqui 

quem pedia calma ao final 

da linha?

ninguém vai acreditar no que você viu lá embaixo 

o que são quinze toneladas 

de feno 

em comparação 

ao que você viu lá embaixo?

seu filho está nascendo 

o nome dele é Marte 

você precisa descansar

sob o sol

você descansará

quantas vezes quiser

sob o sol

mas antes você 

vai contar até três

 


 

 

 Esse som parece uma pele no escuro

 

Esse som parece um par de orelhas grande 

 

Esse som parece dois olhos grandes que enxergam bem no escuro 

 

Esse som parece uma asa delta

 

Esse som parece uma cachoeira voando

 

Esse parece com uma cidade enorme

 

Esse som parece um animal 

Que não sabe nadar

 


 

reservo na mochila um espaço 

para o violino

mesmo sabendo que ele 

é avesso a mochilas 

uma vento frio avançará pelo

norte 

há risco de inundações 

salvarei a mochila 

o mapa amarelo

o violino 

alguns instrumentos viajam em estojos

são os mais importantes 

entro no barco, um velho me cumprimenta 

faltam menos que 45 horas 

para eu salvar o violino

preciso superar o principal obstáculo: o rio, território que o violino conhece bem

já tomei a decisão 

mãos seguras 

o violino as possui 

será algo histórico para minha carreira

será só mais um dia para o violino

 


 

ele não gostava de ser pequeno

ele cresceu

ficou do tamanho de uma fábrica 

de um transatlântico 

ele cresceu 

 

e isso terminar aqui



 

não caminharei 50 quilômetros 

você acha que devo caminhar 50 quilômetros 

já deixou bem claro que me apoiaria

sob o dorso de um cavalo caminhar 50 quilômetros seria como dizer oi para uma amigo 

se não houvesse tanta tralha 

poderia passar os dois últimos meses do ano caminhando 

não estou preocupado com os dispêndios de uma aventura, maratona, como queira

seria sutil durante o aventura, digo, maratona

mas não quero caminhar 50 quilômetros 

depois de 60 dias minha barba seria linda e difícil

mesmo pela janela de vidro é possível dizer: não caminharei 50 quilômetros

 


 

  

Confie no sofá; ele nos levará à sala perfeita.



 

 

 

imagine que você comprou um disco voador

aí você descobre que o vendedor sumiu com o disco voador  

encheu o disco voador de estranhos

o problema é seu

o disco voador também 

você bebe água com frequência 

você procura o serviço de pronto-atendimento

você tem tudo que sempre quis

mas o disco voador não chega

o problema seria do apresentador de Tv se você ligasse para apresentador do TV 

você pensa pelo lado bom: poderia ser uma Mercedes 

quem não gosta de seu disco voador?

quem não chamaria seu disco voador de Bob?

o disco voador seria a diversão da casa

você liga para o apresentador de Tv

o apresentador de Tv diz para o dono da loja que você exige a devolução do veículo

diz que não quer tomar providências na esfera jurídica 

o dono da loja não fecha um acordo 

o tempo passa 

o mês nove passa

você abre um livro: “Afirmação falsa, prejuízo alheio”.

você fecha o livro

loja bizarra 

você volta pra casa

o melhor é procurar uma soverteria, você conclui 

você tomará sorvete 

porque é seu direito

mas o que você quer mesmo é o disco voador porque o disco voador é seu



 

 

Josinei de Souza Arevalo é poeta, nascido no Tonantins (AM), em 1982.

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